Ricardo Becker

Artista

Ricardo Becker nasceu no Rio de Janeiro em 1961 onde vive e trabalha. Tendo iniciado estudos em Direito, transferiu-se para publicidade, onde logo começa a trabalhar em diversas agências no Rio de Janeiro e Lisboa onde viveu por sete anos, de 1993 a 1999, exercendo o cargo de diretor de arte e redator. Em 1981 começa estudos de desenho e pintura no atelier da artista Maria Tereza Vieira, onde fica por dois anos, e logo depois começa a cursar desenho e pintura nos extintos cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM. Participa de exposições ainda nos anos 80, tendo realizado sua primeira exposição individual em 1992.
Ricardo Becker é um artista que se destaca pela multiplicidade de suas formalizações. Lentes, espelhos, chaves matemáticas e portas fazem parte dos elementos que configuram sua obra. O caráter diversificado de materiais e a variedade de formulações denotam o caráter experimental e inovador de sua trajetória. As obras do artista parecem nos lançar em um emaranhado de situações perceptivas nas quais se evidencia a falácia da crença no todo, e também a inviabilidade da redenção pelo detalhe. Redes. Malhas abertas, talvez, como condição de possibilidade da situação contemporânea.
A instalação O Passeio da Sombra na Cinelândia convida o visitante a percorrer um labirinto formado por portas que interpõe-se à passagem, e assim propõe a busca do desconhecido. As portas adquirem uma força simbólica que sugerem novas saídas e possibilidades e o local de passagem torna-se o local da experiência. Experiência da percepção do “aqui e agora”.
A exposição Entre Algum Lugar Nenhum apresenta chaves de operações matemáticas que rejeitam premissas, pois evocam um signo de conhecimento, inscrevem-se no espaço provocando a decifração com um caráter instigante. A relação entre as obras é poética, uma vez que convoca uma rede de significados – símbolo de pertencimento, o abrir e fechar.

O conjunto de lupas que integrou a exposição Belvedere preenche o espaço com o objetivo de despertar a questão do olhar no mundo contemporâneo, não mais contemplar a obra de arte sob um único ponto de vista, e sim observar a obra como parte integrada de um todo. A visão da instalação se impõe ao detalhe, possibilita e exige uma experiência ativa do visitante.
Nos trabalhos dos espelhos, o espectador não escapa da própria imagem; participa como reflexo. Colocar diante do espelho o vidro é como querer refletir o transparente – um paradoxo. Um terceiro elemento nega a imagem, o talco. O espelho reflete o talco no vidro – além de transparente, o vidro é também refletor que reflete o talco no vidro refletido, e assim sucessivamente. O vazio entre as duas superfícies é preenchido por uma névoa imagética. Esses trabalhos questionam a percepção, a identidade e o ser.
O processo do trabalho de Ricardo Becker, a capacidade de lidar com o improvável e a maturação poética das principais questões que discute ao longo de sua trajetória, desde os anos 1980, estabelecem um diálogo pertinente das questões do mundo atual e da arte contemporânea. Novas, complexas e instigantes experiências no campo da fotografia, instalação, escultura, desenho e pintura. Ampliação permanente de possibilidades. Uma rede de significados, estranhamentos e paradoxos desvelam novas situações no mundo.