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Exposição “Casa de Pássaros”

ROSA OLIVEIRA
de 23 de março de 2017 a 29 de abril de 2017

Com curadoria de Marcus de Lontra, a artista carioca apresenta 22 pinturas em médios e grandes formatos, sendo 11 telas inéditas. A mostra fica aberta para visitação até 29 de abril


‘Casa de Pássaros’ abre o calendário de exposições 2017 da Matias Brotas arte contemporânea. A individual com a artista carioca Rosa Oliveira tem curadoria de Marcus de Lontra e apresenta 22 pinturas em acrílica sobre tela, em médios e grandes formatos, sendo 11 telas inéditas especialmente para a mostra em Vitória. A exposição fica aberta para visitação gratuita até o dia 29 de abril.


A mostra é composta por três séries que se complementam: ‘Casa de Pássaros’, ‘Telhados’ e a série ‘Andorinhas’, essa última com cinco telas, todas inéditas dedicadas especialmente à individual na Matias Brotas.


A artista conta que a série ‘Casa de Pássaros’, que dá nome à exposição, é uma conversa entre a poesia e a arquitetura, pautada no construtivismo. Então a poesia estaria relacionada a inspiração de casas, mas não seriam casas de pessoas, seriam casas de pássaros. Sendo que dentro de uma licença poética os pássaros não tem casas, eles não precisam de casas. Aí surge a inspiração da artista em construir alguma coisa na poesia, no mundo invisível, na naquilo que você não acha no mundo. ‘São casas fechadas, casas de liberdade. São casas para que você pouse e voe em liberdade, não se prenda, não se aproprie, não se limite. A ideia é voar com os pássaros e não depender das casas que possam te proteger tanto que te impeçam de ser mais livres e de viver com mais liberdade, de experimentar o mundo”, explica.


Outra série na exposição chamada ‘Telhados’ é uma série que contraria a arquitetura, pois a artista constrói primeiro os telhados para depois construir as casas. Uma brincadeira poética. “Porque não fazer os telhados primeiro? Eles não vão cair. As casas não são reais, são imaginárias, são todas ideias. É uma provocação que faço com a pintura, mostrando que tudo pode ser muito diferente do real”, complementa Rosa.


Já a série ‘Andorinhas’ fala da questão da união, sobre estar com o outro, ser livre mas não ser só. Os trabalhos tentam passar isso. Nas telas as Andorinhas estão sempre juntas.


Segundo o curador Marcus de Lontra, as pinturas de Rosa Oliveira são elementos de grande potência visual. Ao estabelecer uma ponte sensível entre os elementos geométricos da composição e as poéticas específicas da casa como metáfora do corpo, do abrigo gerador de identidade e pensamento, a artista cria uma série dominada por cinzas e azuis que reforçam a unidade gráfica e a natural elegância das suas pinturas. A eventual presença de tons mais “quentes” e terrosos assinala o seu distanciamento de determinadas ortodoxias cromáticas aproximando-a de leituras mais poéticas e realistas com a paisagem revelada pelo olhar. Trata-se de uma obra densa e sensível produzida por uma artista que constrói cotidianamente, em silêncio e com perseverança, um belo e singular caminho na arte brasileira dos dias atuais.
“As suas constantes faixas horizontais, planos de cor, fragmentos de paisagem parecem agora buscar o diálogo com outras formas, com outras geometrias que se comunicam com elementos da realidade cotidiana sem jamais abandonar seus compromissos essenciais com a disciplina e a verdade do mundo. Essa Casa parece que se encerra em si mesma. Ela não abre as portas nem janelas, não aceita moradores, nem compreende a existência do abrigo, do descanso e do pouso. Há, entretanto, na sua imagem, um estranho mistério, um discreto convite ao visitante para desvendar seus espaços internos, penetrar nas entranhas da sua carne, casa\corpo que se abre ao voo ao sonho, aos devaneios e à construção de uma nova realidade construída por uma precisa equação entre o pensar e o agir da artista”, explica Lontra.


Rosa Oliveira vive e trabalha no Rio de Janeiro. Frequentou aulas de pintura com artistas como Victor Arruda, Nelson Leirner, Beatriz Milhazes. Ao longo de sua trajetória artística já realizou diversas exposições individuais e coletivas, e suas obras pertencem a coleções como Centro Cultural Correios (RJ), prefeitura de Santo André (SP), Centro Cultural Candido Mendes (RJ) e coleções particulares, em especial a de João Sattamini e Salim Mattar.

“Casa de Pássaros”
Individual com Rosa Oliveira
Curadoria: Marcus de Lontra Costa
Exposição: De 23 de março a 29 de abril
Local: Matias Brotas arte contemporânea
Av. Carlos Gomes de Sá, 130, Mata da Praia, Vitória. [27] 3327-6966 / 99933-8172
Horário de funcionamento – Terça a sexta – das 10h às 19h e sábado das 10h às 15h

CASA DE PÁSSAROS

por Marcus de Lontra Costa

Essa Casa parece que se encerra em si mesma. Ela não abre as portas nem janelas, não aceita moradores, nem compreende a existência do abrigo, do descanso e do pouso. Há, entretanto, na sua imagem, um estranho mistério, um discreto convite ao visitante para desvendar seus espaços internos, penetrar nas entranhas da sua carne, casa\corpo que se abre ao voo ao sonho, aos devaneios e `a construção de uma nova realidade construída por uma precisa equação entre o pensar e o agir da artista.


Rosa Oliveira faz parte de uma forte vertente artística que busca interpretar e compreender o mundo através da síntese e da clareza dos meios técnicos e intelectuais que opera. As suas constantes faixas horizontais, planos de cor, fragmentos de paisagem parecem agora buscar o diálogo com outras formas, com outras geometrias que se comunicam com elementos da realidade cotidiana sem jamais abandonar seus compromissos essenciais com a disciplina e a verdade do mundo.


No século passado o modernismo apropriou-se da geometria como instrumento de construção de um mundo idealizado. Caberia ao artista construir artefatos que superassem os limites existentes da pintura, da escultura e da arquitetura. A criação de espaços seccionados através da linha e da cor tinha por objetivo criar portas e janelas para o mundo utópico a ser construído.


Com a superação desses postulados, pulverizados por uma sociedade pós-industrial, diversificada e conectada virtualmente, a opção estética desses artistas que acreditam na objetividade e na expressão autônoma do espaço, da forma e da cor pode parecer, para o olhar apressado, algo anacrônico e ultrapassado. Em meio ao ruído dos bytes acelerados e das imagens de um mundo sem ideologia e em constante transformação, algumas “estranhezas” nem sempre conseguem ser detectadas e o aparecimento de imagens pixeladas revela a base geométrica que forma e estrutura esse exército chinês de imagens vulneráveis. Assim, parece ser evidente que um dos papeis fundamentais da arte contemporânea é garimpar nesse cascalho e dele retirar elementos formais e estéticos que recuperam a identidade e assim restabeleçam vínculos mais consistentes na relação entre a arte e a vida.


No Brasil artistas como Rosa Oliveira – e também como ela, Sergio Sister, Jose Bechara, Manfredo Souzanetto, Beth Jobim, e tantos outros – aceitam sem trauma o diálogo com o passado recente e se inserem na arena contemporânea regida pela diversidade não mais como arautos de uma verdade absoluta e sim, democraticamente como herdeiros de uma nobre linhagem de artistas que sempre buscou se relacionar com a verdade e os mistérios do mundo através da objetividade de seus métodos construtivos.


Das clássicas teorias de Platão sobre a arte egípcia e a arte grega, sobre o mimetismo e a verdade, passando por Piero Della Francesa e Rafael, Manet e Cézanne, da arte indígena `as esculturas e mascaras africanas, de Picasso a Mondrian, a história da arte se escreve tendo a geometria como base de ação que estrutura e da sentido aos espaços e `as formas.
As pinturas de Rosa Oliveira são elementos de grande potência visual. Ao estabelecer uma ponte sensível entre os elementos geométricos da composição e as poéticas especificas da casa como metáfora do corpo, do abrigo gerador de identidade e pensamento, a artista cria uma serie dominada por cinzas e azuis que reforçam a unidade gráfica e a natural elegância das suas pinturas. A eventual presença de tons mais “quentes” e terrosos assinala o seu distanciamento de determinadas ortodoxias cromáticas aproximando-a de leituras mais poéticas e realistas com a paisagem revelada pelo olhar. Trata-se de uma obra densa e sensível produzida por uma artista que constrói cotidianamente, em silencio e com perseverança, um belo e singular caminho na arte brasileira dos dias atuais.