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Exposição “Silencioso e Incerto”

SHIRLEY PAES LEME
de 15 de março a 27 de abril de 2013

As grandes cidades nas mãos de Shirley Paes Leme
Artista exibe Incerto e silencioso, mostra que transformará a Galeria Matias Brotas em um lugar repleto de outros lugares que inter-relaciona politica, literatura, cidade e memória.


Shirley Paes Leme ocupa a Galeria a partir de março, com exposição que estimula e desafia o público a construir sua própria forma de perceber a realidade, além de valorizar elementos do cotidiano que nos passam despercebido.  A Exposição reúne diferentes experimentos sensoriais concebidos pela artista, que foi aluna de Amílcar de Castro na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Shirley expõe no Brasil desde 1975 e em diversos países desde 1983, além de colecionar prêmios importantes.

Heterotopia e percepção
Shirley desenvolve, desde 1984, estudos e pesquisas sobre o conceito de heterotopia, desenvolvido pelo filósofo Michel Foucault. Em 1986, escolheu esse assunto para seu doutorado.  Segundo Foucault, heterotopias são espaços específicos que se situam “dentro” dos espaços sociais cotidianos, porém com funções diferentes e às vezes opostas. Tais espaços, que reúnem resquícios de vários outros espaços e tempos, formam um conjunto que foge do cotidiano e permitem experiências paralelas diversas.  “A pesquisa sobre espaços é permanente, continuo estudando e ampliando os conceitos de heterotopias até hoje”, explica a artista, que mantém um grupo de estudos sobre o tema em São Paulo, com integrantes de vários estados brasileiros e também de outros países.

A exposição
Logo na entrada, a artista propõe uma reflexão sobre as grandes cidades “Os desenhos nas paredes contêm referências tanto à literatura, à poesia, à criação feita pelo homem, quanto à percepção direta da natureza”, pontua a artista.  Assim, trazem à tona a questão das formas de conhecimento e compreensão do mundo e da necessidade que tem o homem de situar-se sempre, buscando entender permanentemente o que se encontra ao seu redor, contextualizado com o espaço e o lugar onde vive. Para completar a exposição, uma projeção de um vídeo sobre pertencimento, apagamento e superação. O que está em jogo são as elaborações de uma língua que consome, deglute e expressa um novo conhecimento, um novo lugar e uma novo pais.


A galeria exibe em suas paredes desenhos que mesclam paisagens, espaços, lugares e territórios desconhecidos que provocam no participador – espectador uma experiência que inter-relaciona politica, literatura, cidade e memória além de um deslocamento do espaço real onde ele pode perceber  a interferência da artista que retira parte da poluição da superfície do filtro de ar condicionado de carros criando inúmeras imagens com diferentes tons e nuances. Desde 1984 a artista coleta esses filtros nas cidades grandes, onde ela viveu, tais como San Francisco, México City, Los Angeles, New York, Berlin, Santiago do Chile e São Paulo.


Mario Gioia, critico e curador de São Paulo, diz que na série Ar da cidade (2000-2012), a artista utilizando de resíduos de uma sociedade de consumo voraz – com obras que fundem desenho e objeto formados a partir de filtros usados de ar condicionado de carros, por exemplo – instiga questionamentos sobre o olhar a respeito do trivial, do que nos ladeia. Com formalizações cuidadosas, seduz o observador, mas não sem antes lançar um forte componente desestabilizador e, por que não, político.

A artista
Nascida em 1955, iniciou em 1975 sua formação artística no curso de Belas-Artes da UFMG e foi aluna de Amílcar de Castro. Entre 1981 e 1986 viajou para diversos países; estudou na Universidade do Arizona em 1983, no Instituto de Arte de San Francisco e na University of California, Berkeley, em 1984.  Em 1986, obteve o título doutora em Artes na J.F.K. University, Berkeley. Foi bolsista da Fundação Fullbright de 1983 a 1986. Executa desenhos, intervenções, performances e instalações. Tem recebido vários prêmios nos principais salões brasileiros e norte-americanos. Realiza exposições individuais no Brasil e no exterior.  Participa de coletivas desde 1975, com destaque para Novos Valores da Arte Latino-Americana, no Museu de Arte de Brasília, 1989; Bienal de Lausanne, 1993; VII Bienal da Polônia,1995; Deux Artistes Brésiliens: Amílcar de Castro et Shirley Paes Leme, Paris, 1996; Die Anderen Modernen, Casa das Culturas do Mundo, Berlim,1997; e Tridimensionalidade na Arte Brasileira do Século XX e Diversidade da Escultura Brasileira, Itaú Cultural, 1997. Em 1999 participou do programa Artista em Residência no Kunstlerhaus Bethanien, em Berlim. Em 2000 participou das seguintes mostras: II Bienal do Mercosul, Porto Alegre; VII Bienal de La Habana, Cuba; Mostra do Redescobrimento -Brasil +500, São Paulo e Século XX: Arte do Brasil, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal. Em 2001: Bienal 50 anos, São Paulo; e Côte à Côte – Art Contemporain du Brésil, musée d’art contemporain de Bourdeaux, França. Dentre suas mais recentes exposições individuais estão Horas, Galeria do IAV (Goiânia, 2010); “Heterotopias Cotidianas”, Dragão do Mar Arte e Cultura (Fortaleza, 2009); “Ambulantes: Estructura-Acción”, Intervenção Urbana, Cidade do México, (México, 2008); “Endless End (Fim sem Fim)”, Sesc, (São Paulo, 2008) e Desenho : Atitude, Nara Roesler Galeria de Arte, (São Paulo, 2007); Água Viva, Museu Vale, (Vitoria, E.S.); Incerto limite, Galeria Bolsa de Arte,( Porto Alegre, R.G.S).